quinta-feira, 20 de novembro de 2008










PERMANENTE

Branco dia
Ato simples.

Simplório dia magnífico.

Os dois se embolavam na cama
Os lençóis embolavam-se aos lamentos
às lembranças
aos lampejos
enlaçando-os.

Há anos aquela boca era só
dele, imensamente dele
profundamente ele, nela
incompleta sensação de se ter.

No dia em que ela tirou o aparelho
Ele passou a língua sobre os dentes dela pela primeira vez.

Foi como desvirginá-la outra vez
Como penetrá-la indolente, nua
Como se cada dente novo acariciado
fosse um orgasmo múltiplo
que ele proporcionou a ela, um a um.

Boquiaberta ela cedeu
Se deu à inenarrável volúpia
de sorrir, ao ver o homem amado
comê-la ao lamber-te os dentes.









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