sexta-feira, 10 de julho de 2009

CHRISTMAS

Te amo tanto, que chegas a pensar que não a amo, posto que calo diante de ti, extasiado com a beleza de teus lábios

As vezes sumo premeditado, só para que me ligue chorando, soluçando e me peças pra voltar

Te amo a ponto de saber o que diz o teu silencio, se desejas ou não me ver sorrir ou se odeia meu sarcasmo de manhã

Te amo até quando me bates, me crava as unhas e me xinga desvairada só porque não atendi o celular

Te amo ao ponto do bolo, aquele que você sempre deixa queimar e eu como com café, te dizendo que está ótimo

Te amo quando vemos futebol, você me assiste abraçada e eu sempre reexplico a razão do impedimento

Te amo a ponto de simular estar doente, só para que cuides dos meus ais e me beije dizendo que só o seu sara

Te amo quando está dormindo e respira feito um bebê, enrolada na coberta, com o cabelo bagunçado e aqueles olhinhos que demoram a se abrir

Te amo a ponto de perder o sono, de perder a noite, de perder o dia, de perder o ponto só pra ganhar a tarde com você

Te amo a ponto de forjar a escuridão, tal qual aqueles dias de chuva, só pra ficar no silencio da tua presença, sem nada mais a planejar

Te amo a ponto de querer casar aos 19

Te amo a ponto de dizer que é grande a cama de solteiro, de achar que ainda cabem suas pelúcias e o edredom enrolado no canto da parede

Te amo a ponto de ver que o sol se aquece contigo sempre que encontra abertas suas janelas nas manhãs de inverno

Te amo na anteposição da ênclise do amar-te, puro, simples e real - te amo.


E por te amar que me ponho pendurado

E por te amar que me visto de rotina

Que por te amar te grito em voz passiva


E no te amar me perco em predicados

Nos conotativos me denoto em seus cabelos

E me enlaço em seus olhares apertados de sorrir


Amo a cada dia

A verdade de saber que não preciso dizer que te amo

Que não preciso me entregar, nem me envolver

Posto que já sou parte dos teus vasos, dos teus pelos, teu semblante

Tua pele minha roupa, teus lábios meu cacau


Agora eu queria

que as horas não somassem dias

que os caminhos não somassem vias

e que os destinos não somassem vidas

Queria que a soma do ínfimo ao firmamento

da lágrima à constelação, do micro ao macrocosmo

dessem como produto, a contemplação infinita que é te amar



THIAGO ROCHA




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3 comentários:

Paulo Dourado disse...

Parceiro, eu terminei de lê-lo comovido* (taxa alta de eufemismo identificada).
O encontrei em cada vírgula, de cada parágrafo.
Lembrei de minhas conversas com Felipe, da conclusão de como é belo o sofrimento poético, porém não é nada poético o nosso próprio “sofrimento poético”.
Então, gostaria de propor um brinde: Às estórias de amor, que são bem mais interessantes do que a nossa história real de vida amorosa. Um brinde a mais um esplêndido texto que fazes com maestria. Um brinde à antítese de se falar nas "entrelinhas do objetivo". Um brinde aos amores que não deram certo, mas que ainda assim deixaram uma farpa cravada n’alma da dor do fim. Um saloon à Vinicius de Moraes, que cantou essa pedra há tempos, quando disse: “Tem dias que a casa cai, curta seus desertos, tenha sempre uma bebida à mão e esteja certo que irás chorar”.
Está escrevendo cada vez melhor parceiro, um super abraço de um fã seu!

Paulo Dourado disse...

ah, esqueci de comentar a perfeição disto:
"Te amo na anteposição da ênclise do amar-te, puro, simples e real - te amo. "
SUPREMOOOOOOOOOOOO!!!!

Paulo Dourado disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
 
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