QUADRO
Marcaram-me o rosto com tintas de dor
Rabisco infeliz, minha face é um canto
Seqüestro-me alegre, fugaz vem torpor
Infindas razões vasculham meu pranto
Na vida que crio, sou pena de morte
Tiros certeiros dos medos de outrora
Trocar tais destinos, temo até a sorte
Permite-me sorrir, num passo devora
E na parede que é a vida, vejo-me um quadro
Pintada multidão, não me decifro em algum
Somente vívida moldura, esvaindo meus atos
Num turbilhão de desejos, agonizo-me vácuo
Impossível chorar já que não há rios ou lagos
Que sustentem minhas lágrimas, sem se afogar
THIAGO ROCHA
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